Hora de investir: quais setores estão sendo visados pelos grandes fundos?
Setores como biotecnologia, imóveis e infraestrutura são os que mais atraem o interesse de grupos de investimento.
Biotecnologia, infraestrutura e imóveis são alguns dos setores para os quais os principais fundos de investimento estão voltados. Embora ainda haja incerteza entre os grandes grupos internacionais sobre se chegou ou não o momento de investir no país, alguns setores já estão surgindo como oportunidades de negócios atraentes, além do risco argentino e aproveitando os preços dos ativos locais."Investimos em private equity, ou seja, compramos na baixa para vender na alta. É por isso que o negócio é comprar agora. Não vejo a hora de fechar um negócio quando todas as notícias já estão precificadas com a mudança na economia", disse Martín Otero Monsegur, acionista da empresa de cítricos San Miguel e sócio da Towerco Investments, um dos fundos de investimento que está à caça de oportunidades no mercado local.
Otero Monsegur foi um dos palestrantes da Cúpula da RepensAR, realizada no Malba. No encontro, que reuniu muitos dos grandes fundos de investimento que estão investindo no país ou buscando projetos, foi destacado o potencial oferecido pelo mercado argentino, especialmente em algumas áreas específicas.
"Há uma grande oportunidade para o desenvolvimento de novas empresas de biotecnologia. Globalmente, há uma busca crescente para digitalizar atividades que possibilitam a redução dos custos de produção. Inicialmente, esses projetos eram muito focados no setor farmacêutico, mas hoje vemos a possibilidade de transformar o conhecimento científico em empresas produtivas em projetos florestais, agrícolas ou pecuários", explicou Matías Peire, cofundador do fundo Gridx, que tem entre seus primeiros investidores Miguel Galluccio, ex-presidente da YPF, que atualmente opera sua própria empresa de petróleo, a Vista Oil & Gas.
Para Otero Monsegur, a infraestrutura é outra área com capacidade de seduzir o capital internacional. "Vemos oportunidades no desenvolvimento da tecnologia 5G e na implantação de redes privadas, e também em tudo o que está relacionado à infraestrutura logística, porque os gargalos que estão surgindo nesse campo acabarão gerando oportunidades para os investidores estrangeiros", disse o sócio da Towerco.
Realidades paralelas
Ao analisar a relação entre as startups e os grandes fundos de investimento na região, Hernán Kazah, cofundador e sócio-gerente da Kaszek Ventures, destacou que a maior parte do capital recebido pelas startups vem do exterior. "O mercado em que o negócio de capital de risco está mais desenvolvido é o dos Estados Unidos. O primeiro lugar em que eles investem também são os Estados Unidos, e depois tendem a se concentrar na Ásia. Mas como o fenômeno da ruptura tecnológica ocorre globalmente, eles estão começando a olhar para outras regiões, incluindo a América Latina, e consideram alocar entre 3 e 7% do capital de risco. Há também fundos soberanos na Ásia que começaram a se tornar mais sofisticados recentemente e, com essa mentalidade de 'capital permanente', começaram a copiar estratégias e a profissionalizar a equipe", disse ele.
O cofundador do Mercado Livre também se aprofundou no impacto do contexto empresarial do país e esclareceu: "Os investimentos em tecnologia não podem ser totalmente divorciados da situação macroeconômica, mas estão um pouco mais distantes da situação econômica porque são setores menos regulamentados, onde a inovação geralmente vence os obstáculos, e são incentivados a investir mesmo que, como na Argentina até recentemente, haja situações mais difíceis para setores mais tradicionais".
Alexander Busse, CEO da NXTP Venture, destacou o papel do talento argentino no desenvolvimento do setor de software e tecnologia. "A Argentina tem que contribuir com a tecnologia, que é uma de suas vantagens competitivas, devido ao incrível talento que o país tem. O mundo está se tornando cada vez mais tecnológico, portanto, o talento argentino será cada vez mais procurado", explicou.
Sofía Gutiérrez, da Compass Group Investments, destacou o potencial do mercado imobiliário."Há uma melhora incipiente no número de transações imobiliárias, especialmente no segmento abaixo de US$ 200.000, impulsionada pelo ressurgimento dos empréstimos hipotecários. Além disso, continuamos a ver grandes oportunidades na compra de propriedades e terrenos usados. Imóveis usados porque ainda estão com preços abaixo do custo de reposição. E terrenos, porque são os últimos a reagir a uma recuperação. As incorporadoras tendem a ter estoque e, quando o mercado começa a se reativar, os primeiros projetos se concentram nos terrenos que já possuem e somente em um segundo estágio começam a procurar novos terrenos", explicou o especialista.
Alta visibilidade
O sentimento predominante entre os fundos é que a mudança de governo significa uma nova oportunidade para o país. "Essa reunião fundamental chega no momento certo. Por um lado, nosso país está entrando em um novo ciclo e paradigma político-econômico. Americas Capital Investments Por outro lado, o mundo está passando por profundas mudanças geopolíticas que geram grandes oportunidades para o talento empresarial, o poder de investimento e o capital intelectual argentino", diz Ramiro Juliá, CEO e um dos fundadores do encontro.
Os sócios e executivos dos grandes fundos também estão cientes do desafio de convencer os investidores internacionais de que, desta vez, a mudança é séria. "A visita de Milei ao Vale do Silício deu ao país grande visibilidade entre os investidores e agora temos de aproveitar essa oportunidade para pensar em produtos específicos que possam atrair investimentos", explicou Peire.
Fonte: LA NACION