Mais de 300 empresários se reuniram para discutir o papel da Argentina no ecossistema global de investimentos
Na primeira edição da Cúpula da RepensAR, os investidores concordaram com a necessidade de aproveitar as taxas de juros internacionais mais baixas e destacaram o potencial do país em termos de recursos humanos e naturais, embora a confiança deva ser construída no longo prazo.
Com o objetivo de refletir sobre as alternativas que a Argentina apresenta hoje no cenário global de investimentos, os líderes empresariais de nosso país se reuniram hoje no MALBA para analisar as possibilidades globais de investimento e pensar em como desenvolver um ecossistema de investimentos que acompanhe o talento argentino na construção e atração de capital.
O dia começou com um discurso de Jorge Bustamante, empresário e jornalista, e autor do livro "A República Corporativa". Em seu discurso, ele relembrou o grande salto qualitativo que a Argentina deu no início do século XIX, suas diferentes etapas e ciclos econômicos, e como as influências históricas que nos levaram a nos tornar uma potência foram afetadas negativamente por políticas internas que não visavam ao interesse comum, mas a benefícios com regulamentações setoriais.
"Os capitais de risco
No segundo painel, cujo slogan foi "Como distribuir capital entre os vários setores que oferecem oportunidades em uma região com mais de 420 milhões de consumidores", Alexander Busse, sócio-gerente da NXTP Ventures, Sofía Gutiérrez, diretora de investimentos alternativos da Compass Group Investments, Matías Peire, cofundador da GRIDX, e Martín Otero Monsegur, sócio da Towerco Investments LLC, trocaram opiniões sobre o cenário de investimentos em nosso país, bem como no Chile, Colômbia, Brasil e Uruguai. Eles deram uma visão geral de como a situação econômica nos Estados Unidos pode gerar disponibilidade de capital para que os investidores decidam olhar para a região como um destino para seus investimentos. "Os capitais de risco aproveitarão essas taxas mais baixas e a América Latina será favorecida", disse Busse.
No painel seguinte, o foco foram os Estados Unidos.
Americas Capital InvestmentsRamiro Juliá, fundador e CEO, Francisco Sosa del Valle, cofundador e Bunker Invest, e Steve Weikal, presidente do setor do MIT Real Estate Transformation Lab, analisaram os elementos que não devem ser negligenciados ao investir na maior economia do mundo. Para Sosa del Valle, "No mundo financeiro, há os habituais e os novatos.
Hoje estamos nessa batalha e estamos lutando pelo lado do investimento graças à tecnologia, oferecendo consultoria financeira e dando às pessoas a possibilidade de investir melhor. Com relação ao setor imobiliário, Juliá destacou o papel da sustentabilidade no setor como um diferencial para os investidores: "não é um custo, mas uma questão de engenharia básica para construir". Por sua vez, Wikal destacou o papel futuro da América Latina e das economias emergentes. "Desde antes da covid até agora, o crescimento tem sido enorme. A PropTech é um setor que se desenvolveu muito e o setor imobiliário nesses países tem um grande potencial devido ao crescimento populacional", disse ele.
O motor da economia
A agricultura, como motor da economia de nosso país, também é o foco dos investimentos. Consequentemente, Ignacio Bartolomé, CEO do Grupo Don Mario, teve seu momento de análise, abordando a questão do financiamento como um ponto central para o crescimento. "Hoje há uma grande oportunidade de diferenciar e agregar valor na agricultura argentina. É preciso estar aberto para ouvir e assumir riscos para aproveitar as oportunidades que surgirem", acrescentou.
Voltando à realidade latino-americana, a maior economia da América do Sul teve seu momento de análise no painel "A la aventura de Brasil". Lá, Hernán Kazah, cofundador e sócio-diretor da Kaszek Ventures e profundo conhecedor desse mercado, fez um balanço de sua carreira e comentou sobre as oportunidades de negócios. O ex-cofundador do Mercado Livre também mencionou o impacto que a tecnologia está tendo sobre as finanças: "A tecnologia aumenta as possibilidades. Ela fez com que fundos de outras regiões do mundo tivessem informações e plataformas para trazer parte de seu capital de risco para outras regiões como a nossa".
O novo shekel e as oportunidades
No último dos painéis, Miguel Gutiérrez, sócio do Rohatyn Group e ex-CEO da YPF, chamou a atenção dos mais de 200 participantes em uma conversa com o acadêmico Fernando Fragueiro, ex-reitor do IAE. Juntos, eles compartilharam pontos de vista sobre o novo ciclo em que nosso país se encontra e suas oportunidades em diferentes áreas. "Embora haja uma oportunidade para a Argentina devido à queda das taxas de juros internacionais, há dois fatores adicionais: a mudança para o protecionismo em muitos países do mundo e a desaceleração da China. Quem comprará tudo o que os países emergentes estavam vendendo?
No encerramento, Juliá e Sosa del Valle voltaram ao espírito inicial da convocação para destacar que esse fórum buscou gerar uma agenda concreta, centrada na questão do que a Argentina precisa para atrair investimentos e o que deve fazer para ocupar um lugar no ecossistema internacional de investimentos.
Fonte: Revista do Banco